sexta-feira, maio 06, 2005

Século 21? Novo milênio? Balela! Os anos 2000 nunca foram tão 80 como agora.

Mais um dia...

Já está mais que claro que o Revival dos Anos 80 é algo bem duradouro. Pense bem, olhe em volta. O ser humano é nostálgico por natureza e sempre dirá “Que bons tempos aqueles...” com ar saudosista.

Na música, uma enxurrada de bandas da década de 80 volta a ativa. Centenas, diversas. E pode ter certeza que quem não voltou, no mínimo cogitou a hipótese.

No último sábado, fui conferir de perto. Directv Music Hall. SP. Show Geração 80. No palco: Léo Jaime, Kid Vinil, Leoni, Ritchie e Roger. Eu diria que o pop/rock tupiniquim estava bem representado. Até porque, as outras bandas da época, ou estão na ativa ou gravaram acústico Mtv.

Noite fria. Casa meio vazia. Era a terceira apresentação em SP. A primeira foi no mês de março, a segunda tinha sido na sexta-feira anterior. Este projeto começou como uma Jam no Morro da Urca no Rio de Janeiro e de lá se espalhou para algumas capitais do país.

Sem banda de abertura, as luzes se apagam. Os acordes conhecidos de “Miserlou” de Dick Dale começam a ecoar nas caixas de som. Cortinas sobem e no palco estão Léo Jaime e banda (baixo, guitarra solo, base, bateria e teclados), onde reconheço o baixista que foi (é) do Ultraje, Mingau.

Léo Jaime está no clima. Vários quilos mais gordo, cabelo meio ralo despenteado, ele comanda a banda na introdução do show. Sem muitas delongas desfila seu repertório: “As Sete Vampiras”, “Conquistador Barato”, “A Fórmula do Amor”, “Nada Mudou”. Faltaram baladas como “A Vida Não Presta” e “Gatinha Manhosa”.

Surge Kid Vinil. Figuraça. Diz algumas palavras ao público e ataca de “Eu Sou Boy”, grande sucesso na época do Magazine.
Diz que Mingau está tocando com o braço quebrado, e por prêmio deixa os vocais de “Até Quando Esperar” com o baixisita.

Palavras de Kid Vinil, “O inglês mais carioca que eu conheço: Ritchie”.

Magro, óculos Ray-Ban. O cara é o mesmo de 20 anos atrás. Traz consigo uma flauta e manda “Boa Noite Rainha”, “Pelo Telefone”, “Transas”, “Quero só Você” e o clássico “Menina Veneno”. É interessante perceber as reações das pessoas na platéia. Muitos dão risadas, como que não acreditando. Outros fecham os olhos e se transportam. Alguns já calvos, cantam e dançam como adolescentes!

Kid Vinil novamente. Comenta que a década de 80 não morreu. Que todas as bandas atuais se inspiram no som que era feito lá atrás. Ele sabe que está certo e nós também. Chama Leoni. As menininhas (quer dizer, as trintonas) da platéia gritam. É a parte romântica do show. Juro que em alguns momentos pensei ter visto alguém com a vassoura procurando um par para dançar. Antes de cantar “Só Pro Meu Prazer”, Leoni diz que as próximas duas músicas são bem parecidas, dizem o mesmo. Mostram esse lado egoísta, possessivo que nós temos. E fala também que normalmente as pessoas o procuram depois do show e dizem que é a música do relacionamento acabado, da vida delas. Enfático, diz que não tem nada a ver com isso, que está ali para cantar. A platéia aplaude.
A segunda música seria “Como eu Quero”. Claro, “Garotos” também foi executada, com direito a corinho no final da música.

Kid Vinil aparece e diz que além de apresentar os colegas, canta umas músicas de vez em quando. É hora de “Tic Nervoso”, o segundo e último sucesso do Grupo Magazine.

Kid diz que a década também foi de muito humor, escracho e chama o representante-mor dessa vertente: Roger do Ultraje.

Este realmente é um cara que se diverte. Sem delongas, guitarra empunhada, dá-lhe clássicos: “Inútil”, “Pelado”, ‘Sexo”, “Marylou”. Chama todos para a execução de “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, que na gravação original tinha Lobão, substituído por Kid Vinil naquela noite.

Aproveitando que todos estão no palco, Léo Jaime diz que tocarão uma música de um companheiro que não está mais presente. “Renato Russo!!”, alguns gritam. Ainda não. O homenageado é Cazuza, com “Bete Balanço”. Agora sim, “Geração Coca-Cola” encerra o show. Foi uma boa escolha.

Olhos brilhantes, abraços, sorrisos. Eles se despedem. Impossível não sentir uma certa tristeza. Realmente foi a época de ouro da música. A gente era feliz e não sabia...

Em tempo: Após a saída de todos, Kid Vinil assume seu lado DJ e comanda as pick-ups (com cd’s) com sons da década. “Sheena is a Punk Rocker”, “Private Idaho”, “Like a Virgin”, “Olhar 53”, “Dancing With Myself”, “In Between Days”, “Ask”, “Girls Just Wanna Have Fun”, entre outras. Faltaram várias: New Order, Echo, The The, Information Society, Siouxie. Duas horas depois, ele se despede e pede desculpas. Havia solicitado duas pick-ups de vinil (afinal, ele é o Kid Vinil), mas só liberaram cd’s e ele estava abastecido com os bolachões. Definitivamente, os tempos são outros.

Isto foi escrito ao som de "This is The Day" do The The