domingo, outubro 13, 2013

Black Sabbath - Aos mestres... A reverência!


Épico, Histórico, Sensacional - Sabe aqueles momentos em que você olha pro céu e agradece ao seu Deus (seja ele qual for) por algo? Pois bem, acredito que na última sexta-feira, 70 mil pessoas fizeram isso!

I can’t fuck hear you!!!

Sexta-feira, 11 de Outubro de 2013, Campo de Marte - SP

É indescritível. Só quem esteve lá pra saber. Finalmente o Black Sabbath tocou no Brasil com sua formação 75% original ( o baterista Bill Ward não embarcou nessa de “reunião” e preferiu ficar em casa ).

Desde o anúncio do retorno da banda, da gravação do disco e da turnê, amantes do Heavy Metal do mundo inteiro ficaram ansiosos. E a banda entregou muito mais do que era esperado. No disco, na turnê, nos shows.

O Black Sabbath tem 43 (43!!!!!) anos de carreira. Ok, pararam por um tempo aqui, trocou o vocal ali, mudou o nome acolá, blábláblá. Mas o fato é que os caras são quase uma unanimidade. Eles são os pais de tudo. Os responsáveis. Os precursores. Os deuses do Heavy Metal, que provavelmente não existia antes deles lançarem “Black Sabbath” em 1970 - o disco de estréia.

O show
Ah, claro, a banda de abertura: o Megadeth. Eu não conheço Megadeth. Conheço 1 música - Symphony of Destruction. Conheço a história do Dave Mustaine, que era do Metallica, e saiu porque, reza a lenda, abusou das drogas. E só. Respeito, mas não conheço... então não posso falar. Pela reação da platéia ao meu redor, o show foi bom.

O Black Sabbath - Ôô ôôôôôô
Eu já tinha visto Ozzy duas vezes anteriormente. Uma vez no Parque Antarctica - onde eu estava com as duas pernas operadas e tive que ficar apoiado nos amigos. Outra vez no Anhembi, onde choveu tanto, tanto que eu quase morri afogado.

O show começou antes do previsto, uns 20 minutos. Luzes já apagadas e de repente, a voz do tiozinho sequelado mais legal do mundo começa com o seu “Ôô ôôôôôô”. Sirenes saindo das caixas. A cortina preta subiu e eles estavam lá: Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e o baterista contratado para os shows, Tommy Clufetos. A música: “War Pigs”. Juro, eu vi metaleiro com 2 metros de altura e cara de mau... com lágrimas escorrendo no rosto!

O som estava ótimo, na altura certa (pista premium), os telões tinha boa definição, não estava absurdamente lotado. Não dava para acreditar que tudo estava tão bom!

Ozzy tem 64 anos. Corre de um jeito engraçado de um lado para o outro, se apóia no microfone e balanca a cabeleira, bate palmas no estilo polichinelo, molha o rosto em um balde de água e tem um repertório de poucas frases que repete durante todo o show:

  • I cant fuck hear you! ( colocando as mãos nos ouvidos )
  • God bless you all! We love you! ( a cada final de música )
  • Go crazy!! C’mon!!! ( no meio de todas as músicas )
- Ôô ôôôôôô ( regendo a platéia como se fosse um maestro )

Ozzy é um show a parte. Poder vê-lo ali, gritando as letras que, segundo dizem, ele mesmo não entende, é sensacional. Tony Iommi é provavelmente o cara que mais sabe fazer ( e fez ) riffs de Heavy Metal. Isso porque ele não tem a ponta do dedo médio e do anelar da mão direita, a mão que faz os acordes. Está enfrentando um linfoma que lhe obriga a tomar remédios fortes a cadas seis semanas. Disse que vai tocar “até quando for possível”. Força!
Geezer Butler - o cara que batizou a banda com o nome Black Sabbath, começou como guitarrista, mas resolveu ficar no baixo mesmo. E escrever letras. Escrever músicas. Músicas como N.I.B, Heaven and Hell, War Pigs, Sympton of the Universe, Iron Man and Computer God. Todas dele. Todas!

O "cara" que escreveu "Paranoid" & "N.I.B." - Fonte:Uol


Depois de “War Pigs”, veio “Into The Void”, “Under the Sun/Everey Day Come” e “Snowblind. 
Nesta última, jogaram um morcego de borracha no palco. Ozzy pegou, sorriu e jogou de volta para a platéia. Fico me pergutando quantas vezes esse ato se repetiu ao longo de todos esses anos.

Veio a primeira música nova, “Age of reason”. Deu pra perceber que nem todos conheciam, mas a recepção foi boa no geral. O disco “13” é muito, muito bom. Todos os ingredientes com a assinatura do Black Sabbath estão lá. Tem clima sombrio, tem baixo forte, os riffs animais, tem o assunto religião. Do jeito que um disco do Sabbath é.

Aí meu amigo, veio “Black Sabbath”. Considerada por muitos a primeira música de Heavy Metal da história. Ouvir o Black Sabbath tocá-la em 2013 é algo que eu nunca acreditava que poderia acontecer. E no final, o telão mostrou Tony Iommi fazendo o símbolo do Heavy Metal discretamente com a mão. Valeu o ingresso!

Mas ainda tinha muito mais. Tinha “Behind the Wall of Sleep”. E no final, o momento do Geezer fazer um rápido solo de baixo, que culminou na introdução de “N.I.B”. Essa introdução, tocada daquele jeito, naquela altura, fazia reverberar tudo ao redor. Simplemente animal!

Veio a segunda música do disco novo “End of the Beginning”. Puta som, puta música! Introdução soturna, mudança de tempo, bateria forte. A única ressalva: é uma música longa... quase 9 minutos! Poderia ser substituída por umas duas das clássicas, mas ok.

Os Mestres. Fonte: Uol

“Fairies Wear Boots”, “Rat Salad” e iniciou-se o solo de bateria de Tommy Clufetos. Quem gravou a bateria do disco “13” foi Brad Wilk, do Rage Againt the Machine. Para os shows, Tommy,  baterista da banda solo do Ozzy, é o responsável. Seria muito bom ver o baterista original, Bill Ward, tocando na banda e assim ver 100% do Sabbath. Guitarristas podem tocar até ficarem bem velhinhos como BB King(que tem 88 anos), ou Jeff Beck (que tem 69 anos). Baixistas também... mas bateristas precisam de um pouco mais de vigor físico para tocar. -  Ok, Charlies Watts, dos Stones, tem 72... mas ele toca beeeeem devagar, certo? - Em resumo, Bill Ward não teria a pegada necessária. E temos que tirar o chapéu para a escolha do Sabbath: Tommy Clufetos é um monstro. Ataca sua bateria com uma fúria absurda. Sem firulas, sem marabalismo, faz o que tem que fazer. 

Normalmente solos de bateria são uma coisa meio chata, mas esse cara veio mostrar serviço. Certas horas dava impressão que tinha mais alguém tocando, não era só ele.
E claro, o final do solo de bateria é o momento perfeito para ficar batendo no bumbo e introduzir “Iron Man”. Não preciso falar o efeito que essa música causa em quem gosta de Rock n Roll. Cantada (berrada) do começo ao fim por 70 mil pessoas!

A música seguinte foi “God is Dead?”, single do disco novo, a mais conhecida. Por esse motivo foi a que mais agitou das três nova tocadas. Ozzy anunciou “Dirty Women” dizendo que gosta de garotas safadas, e o telão atrás da banda exibia imagens antigas de mulheres seminuas. RocknRoll e Sexo: juntos desde que o mundo é mundo.

Seguindo o script dos shows, Ozzy gritou para a platéia:
“Vocês estão loucos? Fiquem loucos!!! Se vocês ficarem loucos, nós vamos tocar mais músicas!! Go fucking crazy!!!”

E começou “Children of the Grave”. Riff clássico. Até o Ozzy fez sinal de reverência a Tony Iommi. Se o cara faz aqueles solos sem ter sensibilidade nos dedos...

Detalhe dos "dedos postiços" do Tony Iommi. Fonte:Uol

Já sabíamos que o show estava no final, e essa música foi um êxtase total. Na platéia só tinha gente sorrindo, um bando de marmanjos, carecas, barrigudos, todos sorrindo como criança quando ganha doce.

A banda saiu, ovacionada, um barulho ensurdecedor. Então, depois de poucos minutos, a voz de Ozzy puxou o coro de “one more song, one more song”. Voltaram, e Iommi tocou a introdução de "Sabbath Bloody Sabbath" pra depois emendar em Paranoid. Foi uma versão um pouco diferente, um pouco mais lenta do que a versão que o Ozzy toca nos shows solo, mas... é “Paranoid”. Fico imaginando quantas bandas surgiram, quantos moleques compraram guitarras, quantas baquetas foram quebradas por causa dessa música. Está no meu top five das músicas de RocknRoll. Eu toco em uma banda, e esta é a única música que tocamos em TODOS os ensaios.

Acabou.  A sensação era de ter feito parte de um momento histórico. Uma aula com os verdadeiros mestres. O Black Sabbath. A banda responsável por tudo ao redor quando se trata de Heavy Metal. Ozzy é o verdadeiro Deus Metal. Que ele continue até onde der, dando seus gritos, suas corridinhas estranhas no palco . Ele agradeceu, disse que nos amava mais uma vez. E pediu mais uma vez que Deus nos abençoasse. Amém, Ozzy... Amém!

Marcelo Machado tem 36 anos e trocaria facilmente um rim, um dedo e duas costelas pela habilidade em fazer solos como Tony Iommi faz.

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Abaixo, vídeos de War Pigs, N.I.B. e um bônus.
Agradecimentos aos caras que tiveram o dom de filmar as músicas por inteiro e compartilhar!


War Pigs - 2013 - Campo de Marte



N.I.B. - 2013 - Campo de Marte



Mettalica & Ozzy (percebam a reverência do Metallica, a felicidade do James Hetfield ao tocar junto com o Ozzy. No final, o baterista e fundador do Metallica, Lars Ulrich, diz: "Este cara é a razão pela qual estamos aqui!")



E em 2029?


Conversando com meu amigo-de-fé-irmão-camarada, Ricardo Bunnyman (facebook), surgiu a pergunta:

“Daqui a 16, 18, 20 anos, em qual show poderemos levar nossos filhos e dizer: Filho, essa banda é clássica de Rock n Roll. Esses caras são responsáveis por gerações e gerações de músicos de Rock. Inspiraram milhares de pessoas no mundo inteiro! Isso é RockNRoll!”

????????????????????????????????

Pois é... difícil chegar a uma resposta. O máximo que conseguimos foi pensar que talvez o Sepultura deverá estar tocando, e das gringas, provavelmente o Metallica. Esses serão os clássicos daqui a 16 anos.

 ( Ok, Rolling Stones não conta... os caras são imortais. Em 2029, Mick Jagger estará rebolando e gritando que não está satisfeito e Keith Richards, com braços biônicos, estará tocando a introdução de “Paint it Black”)

Mas o resto... Sabbath, Iron Maiden, Ac/Dc, Deep Purple. Esses com certeza não estarão mais na ativa.

Bateu uma tristeza. Preciso começar a montar o acervo de vídeos de RocknRoll para mostrar pro meu filho/a.

Long Life Rock n Roll

Hoje é dia de Rock, bebê!

domingo, outubro 06, 2013

The Last Party - B-52's


Sábado, 06 de Outubro de 2013, HSBC Brasil, SP
Há muito tempo se diz por aí que o Brasil é um alento para bandas e grupos musicais em plena decadência. Particularmente eu não concordo com isso. E se eu concordasse, teria perdido a oportunidade de me divertir no último sábado, dia 06 de Outubro - Party Out of Bounds!!!

Crédito Imagem: www.uol.com.br
B-52’s. B Fifth Twos, ou Bife com Xuxu! Não importa como o nome é pronunciado. Se você tem mais de 30 anos, com certeza já ouviu uma música acelerada, dançante, com um riff de guitarra marcante chamada Private Idaho. 
O lugar: HSCB Brasil. Alguns acham a casa pequena. Outros dizem que o som deixa a desejar. O fato é que o lugar foi uma boa opção para esse show. Normalmente, o HSBC é o local escolhido pelos produtores para shows não tão “mainstream”. Pra se ter uma idéia eu vi o divertido show do “Mr Big” lá (aquela banda da música "To Be With You").
O público: Considerando que o B-52’s lançou somente dois discos de músicas inéditas nos últimos 21 anos e que o estilo musical no qual eles foram batizados, o New Wave, não existe mais,  o público não poderia ser diferente. Poucos ali deviam ter menos de 35 anos. E muitos estavam bem acima desta média. Vale citar que pista vip, mesas e camarotes deram lotação esgotada. Só havia ingressos para pista normal.
O show: Se eu puder descrever em uma palavra, diria que foi um show... honesto! Sim, honesto. Como eu já disse, o B-52’s não lança nada novo há 2 décadas. Então, de uma certa forma você sabe o que eles vão apresentar, direto ao ponto, sem firulas.
Sem banda de abertura, o show marcado para as 21:00hs começou as 21:15hs. E logo de cara deu pra perceber que não tinha firulas mesmo. Nada de música de introdução, fumaça de gelo seco ou luzes piscando. Nada! Nem abertura de cortina teve, porque a cortina já estava aberta. A banda simplesmente entrou no palco e começou a tocar “Planet Claire”. Cindy Wilson, Fred Schneider e Kate Pierson, nesta ordem, entraram e saldaram o público com gestos. O pessoal devolveu com entusiamo.
Nesta primeira música, Kate Pierson usa sua voz forte e acompanha toda a base junto com o teclado. Cindy Wilson toca (toca?) bongô e Fred Schneider fica brincando com seu agogô. Esse esquema vai se repetir durante todo o show.
A segunda música é "Mesopotamia". E a terceira, a música que eu jurava que fechava o show, e com certeza a mais famosa da banda: "Private Idaho". Colocar essa música nos primeiros minutos faz a banda ganhar a platéia facilmente. Fica difícil ouvir os vocalistas cantando, tamanha a empolgação do público.
O B-52’s tem 37 anos de carreira. Kate Pierson tem 65 anos, Fred Schneider tem 62 e a caçula é Cindy Wilson com 56. Mas incrivelmente, quem agita mais é Kate Pierson. Ela obviamente não tem mais a mesma energia e remelexo de antigamente - os quilinhos a mais são visíveis - mas ainda dança, faz algumas coreografias dos videoclipes e praticamente não fica parada durante todo o show. Bem diferente de Cindy Wilson, que praticamente não dança. No máximo dá um pra lá e um pra cá. Parece até que ela está doente, gripada ou sei lá o quê. O fato é que ela realmente se mexe pouco no palco. Isso não influencia na sua voz, que continua a mesma. Aliás, todos os três continuam exatamente com a mesma potência vocal. Não deixaram nada a desejar nesse quesito. 
Outro detalhe sobre Cindy Wilson é que em algumas músicas, ela toca bongô. Bom.. dizer que ela TOCA bongô me parece otimismo demais... Parece que ela aprendeu com o Jô Soares....
Alguns segundos depois de ter acabado Private Idaho, faltou energia no HSBC. Na verdade, faltou energia no quarteirão. De início a banda ficou no palco meio sem saber o que fazer, mas logo Fred Schneider começou a puxar palmas da platéia junto com o baterista Sterling Campbell que ficou fazendo uns solos, aproveitando que seu instrumento não precisa de energia elétrica.
O gerador do HSBC entrou em cena e ao reacenderem as luzes Fred Schneider disse: “Desculpem por isso... nós esquecemos de pagar a conta de luz...”. É amigo, não tá fácil pra ninguém!
Anunciou “Lava”. Confesso que pelo nome não lembrava da música, mas aos primeiros acordes, voltei para 1982 onde eu não sabia falar o nome da banda, mas achava os penteados e as cores bem legais.
Próxima música: “Dance This Mess Around” - conhecida de poucos na platéia. Na sexta, “Girl from Ipanema Goes to Greenland” é o momento solo de Cindy Wilson. Ao anunciar a música, ela dedicou ao irmão, Ricky Wilson, ex-guitarrista e um dos fundadores do B-52’s que morreu de complicações por causa do HIV em 1985. Cindy saiu da banda entre 1990/1994 e 1999/2001, para cuidar da família.
Kate Pierson voltou ao palco para um dos grandes momentos do show. A dobradinha de “Roam” e “Legal Tender” cantada pelo duo de vocalistas mais colorido da história. Sim, Cindy Wilson continua com seus cabelos louríssimos, quase brancos, com franjinha de colegial. Kate Pierson não trouxe nenhum penteado mirabolante, mas conserva o vermelho dos seus cabelos com uma dedicação incrível!
Inicialmente eu achei que as duas interagiam pouco uma com a outra e poderiam até estar no esquema “Keith Richards X Mick Jagger”, mas ao menos nessas duas músicas, a coisa foi diferente. Ela correram juntas de um lado para o outro, se abraçaram, Cindy puxou Kate para lá e para cá, riram. Pareciam realmente duas amigas que se encontravam para fofocar em pleno show. Foi a primeira e última vez que Cindy deu uma “agitada”. No restante do show ela realmente parecia um pouco afastada de todos. Enquando Fred e Kate dançavam juntos, ela preferia ficar no outro canto do palco.
Com essas duas músicas também fica claro que elas não perderam a qualidade da voz. Continuam com o mesmo tom, força, timbre, tudo perfeitamente igual há 20, 25 anos atrás.
Durante “Legal Tender”, talvez a música que tem o videoclipe mais famoso da banda, eu senti falta de um telão de efeitos ou alguma produção mais rebuscada. Mas não havia nada. Somente uns 7 pontos de luz projetados no fundo do palco, que mudavam de cor. Só. Nem um cartaz com o nome da banda.
Mesmo assim, ao final da música, foi o momento em que a banda (no caso as duas, pois Fred não estava no palco) foi mais aplaudida e ovacionada! Ficaram visivelmente emocionadas.
Fred Schneider voltou e seguiu-se com as 4 músicas mais desconhecidas do set: “Love in the Year 3000”, “Is that you Mo Dean”, “6060-842” e “Whammy Kiss”.
Como foi um momento meio morno e estas músicas não são especificamente as minhas mais preferidas, aproveito para falar da banda de apoio. Já comentei do baterista Sterling Campbell. Completava a cozinha, a baixista Tracy Wormworth. Paul Gordon nos teclados e... putz.. esqueci o nome do guitarrista. Mas o ponto aqui é que as músicas são executadas com precisão cirúrgica. Exatamente igual ao que você escuta no disco, principalmente pelo guitarrista-não-lembro-o-nome e pelo baterista Sterling (que tocou com óculos escuros e é a cara do Vin Diesel). E isso é bom! Os rifs de guitarra eram exatamente iguais aos que você conhece. O baterista toca naquela velocidade ramoniana que as músicas exigem, mantendo a pegada do começo ao fim. Em algumas músicas, rola até um peso maior na dupla guitarra-bateria, mostrando que ao vivo, tudo pode ficar até mais divertido.
Fred Schneider apresentou a banda, as duas vocalistas apresentaram ele... muito barulho, palmas e assobios. Agradeceram e saíram do palco. Depois de 5 minutos voltaram para o bis com “Party Out of Bonds” e “Rock Lobster”. Parte das músicas foi tocada com a luz da platéia acesa, pois era o último grande momento do show e todos sabiam disso, então todos aproveitaram ao máximo em ver e ser visto. Talvez era o último momento do B-52’s no Brasil. Apesar deles não terem deixado claro, essa é provavelmente a última turnê (que não tem nem nome). Após o guitarrista Keith Strickland ter anunciado a aposentadoria no final do ano passado e ter parado de excursionar, a banda disse que daria um tempo e que está cansada. Além disso, todos tem projetos paralelos - Kate , por exemplo, tem dois hotéis nos EUA que administra junto com sua companheira, com quem vive desde 2003 e vai lançar disco solo -  Cindy tem a The Cindy Wilson Band.
Eu saí satisfeito do show. Na verdade não foi um show. Não foi “o melhor show que você viu na vida”, como prometeu Fred Schneider em entrevista ao Jornal da Globo. Não teve essa conotação de espetáculo. Foi... uma festa! Sim, foi uma festa entre amigos que tocaram umas músicas dançantes pra se divertir um pouco. O B-52’s não fez um espetáculo para conquistar ninguém. Eles não querem mais isso e nem poderiam. Ninguém saiu do show e vai atrás de discos dos caras. Foi só uma festa. Mas foi uma festa muito, muito divertida. 
Ao sair do palco, Fred Schneider disse: “Nos vemos em...algum vídeo por aí”. E fim! Não só o fim de um show, mas talvez o fim de uma das bandas mais divertidas e festeiras dos últimos tempos.
Marcelo Machado tem 36 anos e gostaria de conhecer Love Shack - a little old place where we can get togheter. Love Shack Baby!


domingo, setembro 29, 2013

A música preferida...


Você gosta de música? A pergunta é meio boba não é? Afinal, quem não gosta de música? Eu não conheço ninguém que não goste…
Bom, vou partir do princípio de que você gosta…

Você deve ter uma banda preferida, um cantor, uma cantora, um músico, sei lá… Se você gosta de música você deve ter uma preferência por alguém…

Ah, e você deve ter uma música preferida também…
Música preferida é um troço complicado. Não dá pra ser uma só. Pra mim, a música preferida depende não só da banda, mas do momento. Tem horas que a minha música preferida é “For Whom The Bell Tools” do Metallica. E tem horas que é “Wave” do Tom Jobim. Percebeu como é complicado? Ás vezes eu vou de manhã pro trabalho ouvindo uma e volto a noite ouvindo a outra. Ou seja, é o momento que define isso. Mas, sendo heavy metal ou bossa nova, a música preferida é aquela que quando toca, te leva pra alguma dimensão individual, algum universo paralelo, onde nada mais importa. Só ouvir aquele som.

Agora… você já viu (e ouviu) a sua banda preferida tocando a sua música preferida?

Eu já. Inúmeras vezes!

A minha banda preferida é o Iron Maiden. Eu lembro que entre 86 e 88 eu ouvi uma música do Iron Maiden. Não lembro qual, mas gostei. Mas o lance aconteceu em 93. Tinha um cara no trabalho que estava vendendo toda a coleção dele de discos do Iron Maiden (em Vinil!). Eu comprei. Sem saber o que tinha, quantos discos eram, se estava completa ou não. Eu sou impulsivo com música. Fui pra casa, ouvi todos os discos, um por um. E gostei de todas as músicas que ouvi. E isso define pra mim o que é banda preferida - é aquela que eu gosto de todas as músicas. Simples assim. Já tive umas histórias legais por causa do Iron Maiden (essa, por exemplo). Já fui até operado ao som de Iron Maiden por uma médica que era fã dos caras e colocou pra tocar na sala de cirurgia, quando descobriu que eu gostava.

Mas voltando…
A minha música preferida quando se trata do Iron Maiden é Wasted Years. Ela foi lançada em 1986 como single do disco Somewhere in Time. Ë uma das poucas músicas escritas pelo Adrian Smith, um dos guitarristas da banda.

Foi escrita durante alguma turnê, não sei qual. A letra fala da saudade de casa. De ficar longe dos seus. E dos problemas que isso te traz. Eu nem entendia inglês quando fiz dessa a minha música preferida da banda. Mas o fato é que vira e mexe, ocorreram períodos na minha vida que por questões profissionais e algumas pessoais, eu tive (tenho) que ficar longe da minha casa. E era foda. Eu sentia saudades da minha própria casa de uma maneira quase doentia. Era ridículo. As vezes não eram nem 5 dias fora, mas eu já ficava puto. Tão puto que até mudei de emprego, não só por causa disso, mas com certeza foi um dos fatores. (É óbvio que, quando a viagem é a passeio, a coisa muda!)

Bom, eu estava falando de música…
Eu achava que nunca veria a banda tocando essa música ao vivo. É velha, não estava nos set list. Até que um dia, eles resolveram recriar a turnê de lançamento do disco Somewhere in Time. E “Wasted Years” estava nessa turnê. Não acreditei que veria. Mas vi… uma, duas, três vezes. Fui a dois shows em estados diferentes no Brasil dentro de um período de 7 dias.

A sensação de ver e ouvir a sua banda preferida tocando a sua música preferida é realmente de outro mundo. Todo mundo devia sentir essa sensação. Do ponto de vista racional é até meio bobo, pois são ali 3, 4 minutos e pronto, acabou. Mas sinceramente eu desconfio de quem é muito racional…

Eu já disse pra algumas pessoas: A música tem o poder de salvar vidas. Eu tenho um livro chamado “Noite passada uma música salvou a minha vida”. O livro é médio, mas o título é ótimo. Ainda vou escrever na parede da sala.

Esse ano eu vi de novo: Iron Maiden tocando Wasted Years. Estou mais velho, já não pulo tanto, não tenho tanto fôlego pra berrar a letra a plenos pulmões como fiz nas primeiras vezes. Sou mais contemplativo. Mas a sensação estava lá. Aos primeiros acordes, me arrepiei. Ouvi a letra, cantei em silêncio (pode isso Arnaldo?), entrei no clima e devo ter ido passear em algum universo paralelo, ignorando as trocentas mil pessoas ao meu redor. 5 minutos e pouco de energia total. Revigorante! Enquanto Mr Bruce Dickinson cantava os versos abaixo, eu acompanhava balançando a cabeça lentamente de olhos fechados.

Ao final, abri os olhos, aplaudi. Olhei pro lado e percebi um garotinho de uns 12 anos me olhando fixamente. Tive a sensação que ele ficou me olhando a música toda. Ele continuou me olhando, fez o símbolo do Heavy Metal com a mão ( o chifrinho com o indicador e o mínimo) e riu. Eu devolvi o gesto e tive a certeza: Esse garotinho experimentou a sensação! Essa música é foda!



Wasted Years

From the coast of gold, across the seven seas
I'm travelling on, far and wide
But now it seems, I'm just a stranger to myself
And all the things I sometimes do, it isn't me but someone else

I close my eyes, and think of home
Another city goes by, in the night
Ain't it funny how it is, you never miss it til it's gone away
And my heart is lying there and will be til my dying day

[Chorus]
So understand
Don't waste your time always searching for those wasted years
Face up...make your stand
And realize you're living in the golden years

Too much time on my hands, I got you on my mind
Can't ease this pain, so easily
When you can't find the words to say, it's hard to make it through another day
And it makes me wanna cry, and throw my hands up to the sky

[Chorus]
So understand
Don't waste your time always searching for those wasted years
Face up...make your stand
And realize you're living in the golden years

Anos Perdidos

Da costa do ouro, atravessando os sete mares,
Eu estou viajando, muito distante.
Mas agora parece que eu sou um estranho para mim mesmo.
E todas as coisas que algumas vezes faço, não sou eu, mas um outro alguém.

Eu fecho meus olhos e penso em meu lar.
Outra cidade passa, na noite.
É engraçado não é, você nunca sente falta até perder
E meu coração descansa ali e alí ficará até o dia de minha morte

[Refrão]
Então entenda:
Não perca seu tempo sempre procurando aqueles anos perdidos.
Encare... tome posição.
E perceba que você vive nos anos dourados.

Muito tempo em minhas mãos, eu tenho você em minha mente.
Não consigo aliviar esta dor tão facilmente.
Quando você não consegue achar as palavras para dizer, é difícil aguentar um outro dia.
E isso me faz querer chorar e erguer minhas mãos para o céu.

[Refrão]
Então entenda
Não perca seu tempo sempre procurando aqueles anos perdidos.
Encare... tome posição
E perceba que você vive nos anos dourados.



domingo, abril 28, 2013

Fragmentos... e garotos não choram

Todo mundo é parecido quando sente dor

Todo mundo mente

Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas



Boys don't cry





I would say I'm sorry
If I thought that it would change your mind
But I know that this time
I have said too much, been too unkind
I try to laugh about it
Cover it all up with lies
I try to laugh about it
Hiding the tears in my eyes
'Cause boys don't cry
Boys don't cry
I would break down at your feet
And beg forgiveness, plead with you
But I know that it's too late
And now there's nothing I can do
So I try to laugh about it
Cover it all up with lies
I try to laugh about it
Hiding the tears in my eyes
'Cause boys don't cry
Boys don't cry
I would tell you that I loved you
If I thought that you would stay
But I know that it's no use
That you've already gone away
Misjudged your limits
Pushed you too far
Took you for granted
I thought that you needed me more
Now I would do most anything
To get you back by my side
But I just keep on laughing
Hiding the tears in my eyes
'Cause boys don't cry
Boys don't cry
Boys don't cry



Fazer 40 anos é...

Eu não tenho 40 anos ainda e nem os completo neste ano... mas me identifiquei com várias coisas neste texto escrito pelo jornalista Michel Laub, publicado na Folha de São Paulo no dia 26/04/2013:

Fazer 40 anos é:


- Tentar não confundir minha decadência com a decadência do mundo.
- Me aborrecer mais com as pequenas coisas e menos com as graves.
- Ter uma ideia razoável do que não vai me matar. Todo o resto, incluindo o vasto reino das doenças, é uma possibilidade fascinante.
- Aceitar que entre os defeitos dos amigos podem estar a burrice e a falta de caráter.
- Confessar os defeitos confessáveis. Os demais, deixar que os outros descubram.
- Aprender que é impossível não magoar pessoas queridas, momentaneamente ou para sempre, com ou sem razão.
- Antecipar duas diversões da velhice: falar sozinho em casa e ser rabugento em público.
- Entrar num acordo com a inconfiabilidade da memória, incluindo suas manipulações egocêntricas.
- Entrar num acordo conformado com a própria capacidade de concentração.
- Beber mais destilados e menos fermentados. Não fumar e não cheirar cocaína. Ser tolerante com o comportamento noturno das pessoas.
- Comer menos, dormir menos, sair menos de casa para fazer o que não quero.
- Uma vida toda envenenada por futebol.
- Viajar sem máquina fotográfica. Conhecer dezenas de países e não ser capaz de dizer nada que preste sobre a maioria deles.
- Em cidades estranhas, dar um jeito de ir várias vezes ao mesmo restaurante, de preferência um lugar barato, vazio, mediano e próximo ao hotel.
- Não negar o passado: bandas ruins de que gostava, votos ruins em eleição, coisas ruins que escrevi em livros e na imprensa.
- Ter um número razoável de parentes e amigos mortos.
- Ler cada vez mais não ficção. Em ficção, simpatizar com romances longos, difíceis, eventualmente chatos (pode ser uma qualidade).
- Sentar cedo em frente ao computador. Procrastinar o trabalho até o limite da catatonia.
- Sem chance de virar "motorista consciente" a esta altura.
- Não ver novela. Não elogiar publicidade. Não defender políticos.
- Não fazer crítica fácil a religião, artes plásticas contemporâneas, hipsterismo, Big Brother, ONG ecológica.
- Não endossar discurso anti-intelectual nem atacar o "mundinho literário" só porque soa bem para quem nem sabe o que é isso.
- Por outro lado, cultivar a maledicência, uma das maiores bênçãos humanas.
- Em hipótese alguma, questão de honra mesmo, flertar com a ideia de que sou pouco reconhecido porque minha integridade ofende o universo hipócrita.
- Por outro lado, não ser ingênuo quanto ao conceito de meritocracia.
- Para o bem e para o mal, gostar mais de pessoas que de ideias.
- Sonhar frequentemente com coisas que acabaram há mais de 20 anos: colégio, exército, partidas de tênis, a casa onde cresci.
- Últimos anos de paciência com indignação profissional, vitimismo, explicações psicanalíticas, pensamento acadêmico, comparações entre Porto Alegre e São Paulo.
- Não achar que o pessimismo é moralmente superior ao otimismo.
- Não esquecer que tecnologia é instrumento em 90% dos casos e que dá para se adaptar a ela no que importa.
- Espionar os outros nas redes sociais.
- Ser pontual e, portanto, um idiota.
- No sábado, 27/4, é meu aniversário. Talvez o ápice da vida seja agora. Ou será em breve. O mais provável é que já tenha sido.
- Saber da pretensão que é reproduzir voz de sabedoria numa idade dessas.
- Nunca mais encerrar uma lista fazendo referência à própria lista.
- Lamentar pelo resto dos tempos não ter aprendido alemão quando criança, ser alérgico a gatos, o fim dos fliperamas Taito, a venda do centroavante Lima em 1988.
- Ter consciência de que sem mentir um pouco não dá nem para abrir os olhos de manhã.
- Viver como se houvesse muito mais escolhas do que há.
- Pensar se vou ou não ter filhos.
- Seguir comendo carne vermelha.