domingo, abril 28, 2013

Fragmentos... e garotos não choram

Todo mundo é parecido quando sente dor

Todo mundo mente

Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas



Boys don't cry





I would say I'm sorry
If I thought that it would change your mind
But I know that this time
I have said too much, been too unkind
I try to laugh about it
Cover it all up with lies
I try to laugh about it
Hiding the tears in my eyes
'Cause boys don't cry
Boys don't cry
I would break down at your feet
And beg forgiveness, plead with you
But I know that it's too late
And now there's nothing I can do
So I try to laugh about it
Cover it all up with lies
I try to laugh about it
Hiding the tears in my eyes
'Cause boys don't cry
Boys don't cry
I would tell you that I loved you
If I thought that you would stay
But I know that it's no use
That you've already gone away
Misjudged your limits
Pushed you too far
Took you for granted
I thought that you needed me more
Now I would do most anything
To get you back by my side
But I just keep on laughing
Hiding the tears in my eyes
'Cause boys don't cry
Boys don't cry
Boys don't cry



Fazer 40 anos é...

Eu não tenho 40 anos ainda e nem os completo neste ano... mas me identifiquei com várias coisas neste texto escrito pelo jornalista Michel Laub, publicado na Folha de São Paulo no dia 26/04/2013:

Fazer 40 anos é:


- Tentar não confundir minha decadência com a decadência do mundo.
- Me aborrecer mais com as pequenas coisas e menos com as graves.
- Ter uma ideia razoável do que não vai me matar. Todo o resto, incluindo o vasto reino das doenças, é uma possibilidade fascinante.
- Aceitar que entre os defeitos dos amigos podem estar a burrice e a falta de caráter.
- Confessar os defeitos confessáveis. Os demais, deixar que os outros descubram.
- Aprender que é impossível não magoar pessoas queridas, momentaneamente ou para sempre, com ou sem razão.
- Antecipar duas diversões da velhice: falar sozinho em casa e ser rabugento em público.
- Entrar num acordo com a inconfiabilidade da memória, incluindo suas manipulações egocêntricas.
- Entrar num acordo conformado com a própria capacidade de concentração.
- Beber mais destilados e menos fermentados. Não fumar e não cheirar cocaína. Ser tolerante com o comportamento noturno das pessoas.
- Comer menos, dormir menos, sair menos de casa para fazer o que não quero.
- Uma vida toda envenenada por futebol.
- Viajar sem máquina fotográfica. Conhecer dezenas de países e não ser capaz de dizer nada que preste sobre a maioria deles.
- Em cidades estranhas, dar um jeito de ir várias vezes ao mesmo restaurante, de preferência um lugar barato, vazio, mediano e próximo ao hotel.
- Não negar o passado: bandas ruins de que gostava, votos ruins em eleição, coisas ruins que escrevi em livros e na imprensa.
- Ter um número razoável de parentes e amigos mortos.
- Ler cada vez mais não ficção. Em ficção, simpatizar com romances longos, difíceis, eventualmente chatos (pode ser uma qualidade).
- Sentar cedo em frente ao computador. Procrastinar o trabalho até o limite da catatonia.
- Sem chance de virar "motorista consciente" a esta altura.
- Não ver novela. Não elogiar publicidade. Não defender políticos.
- Não fazer crítica fácil a religião, artes plásticas contemporâneas, hipsterismo, Big Brother, ONG ecológica.
- Não endossar discurso anti-intelectual nem atacar o "mundinho literário" só porque soa bem para quem nem sabe o que é isso.
- Por outro lado, cultivar a maledicência, uma das maiores bênçãos humanas.
- Em hipótese alguma, questão de honra mesmo, flertar com a ideia de que sou pouco reconhecido porque minha integridade ofende o universo hipócrita.
- Por outro lado, não ser ingênuo quanto ao conceito de meritocracia.
- Para o bem e para o mal, gostar mais de pessoas que de ideias.
- Sonhar frequentemente com coisas que acabaram há mais de 20 anos: colégio, exército, partidas de tênis, a casa onde cresci.
- Últimos anos de paciência com indignação profissional, vitimismo, explicações psicanalíticas, pensamento acadêmico, comparações entre Porto Alegre e São Paulo.
- Não achar que o pessimismo é moralmente superior ao otimismo.
- Não esquecer que tecnologia é instrumento em 90% dos casos e que dá para se adaptar a ela no que importa.
- Espionar os outros nas redes sociais.
- Ser pontual e, portanto, um idiota.
- No sábado, 27/4, é meu aniversário. Talvez o ápice da vida seja agora. Ou será em breve. O mais provável é que já tenha sido.
- Saber da pretensão que é reproduzir voz de sabedoria numa idade dessas.
- Nunca mais encerrar uma lista fazendo referência à própria lista.
- Lamentar pelo resto dos tempos não ter aprendido alemão quando criança, ser alérgico a gatos, o fim dos fliperamas Taito, a venda do centroavante Lima em 1988.
- Ter consciência de que sem mentir um pouco não dá nem para abrir os olhos de manhã.
- Viver como se houvesse muito mais escolhas do que há.
- Pensar se vou ou não ter filhos.
- Seguir comendo carne vermelha.