sábado, outubro 09, 2010

Tropa de Elite 2

Só leia se você já viu o filme.

O sistema é foda, parceiro...

Tropa de Elite 2 é um puta filme. Provavelmente melhor que o primeiro. Assim como o seu antecessor, será discutido longamente nas rodas de amigos, paradas para o cafezinho e nos programas vespertinos de televisão.

Quando você sai do cinema, é impossível esquecer as imagens e pensar no nosso país.

Depois do impacto inicial de ver o filme, é normal começar a compará-lo com o primeiro.

Mas o que mais me chamou a atenção foram as mudanças que ocorreram na vida do Capitão, agora Coronel, Nascimento. Expressões como "dar murro em ponta de faca", "tentar fazer a diferença", "não se deixar levar" e "perder a guerra" começaram a rondar a minha cabeça assim que os créditos começaram a subir.
É parceiro... nem mesmo o Capitão Nascimento consegue enfrentar...

No primeiro filme, o Cap. Nascimento recrimina o aspira Mathias porque ele mal entrou na faculdade e já estava "aliviando para os colegas maconheiros". Na visão de Nascimento, o aspira deveria dar o flagrante e enquadrar os maconheiros na lei.
No segundo filme, o filho adolescente do Cap. Nascimento e uma amiga são pegos com 100 gramas de maconha. É ZeroUm... a coisa agora é no seu quintal... O que fazer?

No primeiro filme, o Cap. Nascimento grita em alto e bom som para os pm's aos pés do morro: "-Não vai subir ninguém, não vai subir ninguém!!!"
No segundo filme, Nascimento não consegue impedir que um defensor dos direitos humanos entre dentro de um presídio para tentar conter uma rebelião... Não consegue ao menos convencê-lo a usar um colete á prova de balas. Não consegue comandar o seu sucessor, Mathias. Teve o seu comando atropelado pelo seu superior e pelo seu liderado no mesmo momento.

No primeiro filme, o aspira Neto é morto por traficantes e Cap. Nascimento sai á caça de maneira impiedosa até encontrar (e ter certeza da execução) do responsável pelo crime.
No segundo filme, Mathias é morto pelos policiais da milícia, e Cap. Nascimento jura investigar, mas não consegue punir todos os responsáveis.

No primeiro filme, Cap. Nascimento sorri em algumas cenas, e chega até a fazer umas poucas piadas. No segundo filme, Cap. Nascimento passa 2 horas sem esboçar um sorriso. Está com um semblante fixamente tenso e preocupado.

No primeiro filme, Cap. Nascimento expulsa Fábio, o policial corrupto, do treinamento do Bope. No segundo filme, Fábio é um dos comandantes do batalhão da PM, e um dos responsáveis diretos pela morte de Mathias. Ele termina o filme totalmente impune. Cap. Nascimento não consegue puni-lo.

No primeiro filme, Cap. Nascimento cumpre a missão de limpar o morro da presença dos traficantes para o Papa dormir onde bem quiser. No primeiro filme, Cap. Nascimento cumpre a promessa de achar um substituto para sua posição.
No segundo filme, Cap. Nascimento perde sua esposa. Cap.Nascimento perde a confiança e a vida de seu substituto Mathias. Cap. Nascimento quase perde o seu filho que é baleado em uma emboscada e vai para a UTI (particularmente acho que o filho dele deveria morrer no filme... O impacto final seria maior...)

No primeiro filme, Cap. Nascimento usa farda preta, parceiro! Com caveira! No segundo filme, Cap. Nascimento usa um terno surrado e uma gravata desleixada.




No primeiro filme, Cap. Nascimento mostra que é possível! No segundo filme... Sabe o sistema, parceiro? Pois é... O sistema é onipotente, é onipresente e... indestrutível?

Fica a pergunta...

Leia a Crítica: Cinema com rapadura
Escute os comentários no PodCast: Cinema com rapadura

2 comentários:

tatizanon disse...

Gostei das comparações entre o primeiro e o segundo filme, ficou bacana, mostrando também que nada mudou, ou melhor que nada melhorou. E se não houve melhora é porque o sistema não quis, porque o sistema lucra com a forma como está. Muito bom! Eu quero ver de novo!!

MM disse...

Sim, filme pra ser visto e revisto. Ah, a crítica do ˜cinema com rapadura" ficou muito boa!