New Order
São Paulo - Via Funchal - 13/11/2006
originalmente postado em http://ricardobunnyman.sites.uol.com.br/
Dreams Never End
por Ricardo Bunnyman & MM
Finalmente, após 18 anos, o New Order volta a mostrar que ainda é uma banda atual, apesar de terem 28 anos de carreira se juntarmos com o tempo do Joy Division.
E com 50 minutos de atraso, Bernard Sumner entra sozinho e sorridente. Olha para os lados de diz algo como "bem, eu não preciso de banda mesmo...". Então, Peter Hook, Stephen Morris e Phil Cunningham aparecem e é anunciada "Crystal" do álbum Get Ready.
Nesse momento, o Via Funchal explode com o rock do New Order. Get Ready é o álbum mais rock da banda, pois foi produzido por Billy Corgan do Smashing Pumpkins.
Turn é anunciada, mas o clima cai um pouco e é retomado por Regret que provoca mais uma explosão na platéia. Platéia essa bem diferente do que o Marcelo e eu pensávamos encontrar. Havia uma galera bem mais jovem do que em outros shows de outras bandas dos anos 80. Mas os velhos fãs estavam presentes em peso.
Outra 'bala' do setlist foi "Ceremony". Música esta que foi concebida nos últimos dias do Joy Division e regravada na Nova fase. Durante a execução, nota-se que Sumner altera a voz e fica muito parecida com a do finado e venerado Ian Curtis.
"Who's Joe" faz o clima cair de novo, acredito que por se tratar de uma música nova e grande parte da platéia preferir hits. É uma boa canção.
Peter Hook com seu baixo e Stephen Morris na bateria anunciam o que virá... HAHAHAHAHA!!!! "Transmission"!!! Joy Division na veia!!! Muitos se calam e muitos se alteram como o Marcelo e eu. Sumner rasga a garganta durante a música e principalmente no refrão.
"Krafty" é um pop brilhante do último álbum e funciona muito bem ao vivo. Apesar de me lembrar apenas de parte do refrão: "Just give me one more day / Give me another night"
"Waiting for the Sirens Call" apesar de ser faixa título do novo álbum, não provoca muitas reações.
Eis que o New Order provoca a reação da alma em uma das mais belas canções já criadas por eles. A viagem de "Your Silent Face" mesclada com o jogo de luzes e o baixo típico de Peter Hook hipnotizam o público. Ela lembra muito o estilo do Kraftwerk, como pode ser conferido na sessão de Janeiro da Discoteca Básica sobre o álbum "Power, Corruption & Lies".Chega a vez do ápice da carreira e do show. "True Faith", "Bizarre Love Triangle", "Temptation", "Perfect Kiss" e o maior hit da banda "Blue Monday".
A maioria foi conhecida pelo público brasileiro através do álbum duplo "Substance", onde estão versões extendidas dessas música e para muitos é considerado um álbum de carreira.
Com versões alteradas, esses hits provocam a euforia da platéia por se tratar das músicas que 'fizeram' o New Order no Brasil. São músicas que tocavam todos os fins de semana nas casas noturnas e muitos dos que ali estavam, curtiram muito aquela época.
Bernard Sumner, Phil Cunningham e Peter Hook agitam o palco como se voltassem aos 20 anos de idade (este último não parou um segundo durante o show inteiro) enquanto Stephen Morris arrebentava a bateria com auxílio de Peter na eletrônica. Arrisco a creditar a entrada da dance music no Brasil à essas músicas.
Como o Kraftwerk, o New Order revolucionou o cenário do pop rock e transcedeu ao dance sem perder suas raízes. Coisa que só caras com o Joy Division no curriculum poderia realizar. Em Blue Monday, a mais esperada da noite, percebe-se uma falha na programação do som. Não chega a ser nenhum absurdo, mas foi engraçado.
O tempo regulamentar termina e logo o time volta para a prorrogação perguntando: "Nós vamos tocar Joy Division agora, mas vamos deixar vocês escolherem: "Shadowplay"?" - A galera delira - "She's Lost Control?" - A galera vai a loucura.
"Ok...
Confusion in her eyes that says it all,
She's lost control..."
E fechando, o clássico dos clássicos do Joy Division: "Love Will Tear Us Apart" que foi executada com uma energia indescritível. Stephen Morris era o estilo Joy Division. A mesma posição das apresentações e dos clips. Comentário estranho quando se fala de um baterista. Mas na minha mente, Stephen Morris era puro Joy Division durante todo o show.
E Sumner dispara algo como "está é a platéia mais receptiva do mundo"...
...Mas faltou Atmosphere...
01. Crystal
02. Turn
03. Regret
04. Ceremony
05. Who's Joe
06. Transmission
07. Krafty
08. Waiting for the Sirens Call
09. Your Silent Face
10. True Faith
11. Bizarre Love Triangle
12. Temptation
13. Perfect Kiss
14. Blue Monday
15. She's Lost Control
16. Love Will Tear Us Apart
Ricardo Bunnyman tem 30 anos e não foi ao primeiro show nos anos 80 porque não tinha idade. Mas agora pode se livrar esse trauma.
New Order, Joy Division… Mais uma vez, eu e Bunnyman estávamos lá. A oportunidade de ouvir a “linha de baixo mais triste da história da música*” ao vivo não poderia passar, de forma alguma.
Me deixou triste o fato do show ser no via Funchal. Qualquer apresentação nessa casa já começa devendo devido ao péssimo som (Pobre B.B. King que está por vir...). Mal dava para entender Barney ao microfone. O som era um misturado de freqüências. E quando se faz isso com um mestre como Mr. Hook, creio que deveria ser pecado mortal.
Detalhes sonoros a parte, para quem gosta da banda foi impossível não se arrepiar aos primeiros acordes de Transmission, com o teclado em Bizarre Love Triangle, com Regret, Perfect Kiss e Blue Monday unidas, She's Lost Control e Love will tear...
Li bastante sobre os shows, antes e depois do show do dia 13 em SP. Algumas curiosidades:
O pessoal de BH ficou meio puto, porque o NO foi colocado para tocar em um festival teen onde a maioria da platéia não tinha idéia de quem era “aquele tiozinho com cara de mau no baixo”.
No Rio, também problemas com som. Inclusive li algo que me chamou a atenção. Um dos fãs comentou que o melhor a fazer era ligar o perfil “fã de Iron Maiden” e deixar pra lá. Ele explicou depois que o fã de Iron Maiden, sempre acha que o último show ao vivo da banda foi o melhor independente de qualquer coisa de ruim que tenha acontecido. Eu, como maidenmaníaco, sei o que ele quer dizer.
Um outro detalhe curioso. Alguns fãs perceberam que os amplificadores da banda sempre tinha algo escrito e juntando as palavras dos shows de BH e SP, têm-se algo como
“once upon a time two boys started a group”
Em algumas fotos que estão rolando pela net, você consegue identificar isso.
No show de terça-feira em SP, em determinado momento de True Faith, Hook quis dar uma força a Barney, que parecia enrrolado com a letra. A emenda ficou pior, cada um canta uma parte diferente da letra e se olham como quem diz: ‘What a hell’s?” veja no youtube -> http://www.youtube.com/watch?v=lSJgyE5p990 ou diretamente no fim desta página.
Eu gostaria de ter visto o Joy Division, mas de alguma forma, Curtis deve estar tranqüilo com o que restou da sua banda.
****
*Coloque Bizarre Love Triangle 94 no seu aparelho de som, quando chegar aos 2min47seg, feche os olhos e escute... é o baixo mais triste da história da música.
MM tem 29 anos, não lembra nem quando nem como ouviu New Order pela primeira vez, mas sabe que ainda ouvirá estas mesmas músicas por um longo tempo.
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