domingo, setembro 28, 2008

Nando Reis e os Infernais esquentam noite de SP

CIE Music Hall 17/09/05



(por MM em 21/09/2005)



originalmente postado em http://ricardobunnyman.sites.uol.com.br/




"-Ele é carismático não é? Gosto dele!"

Essa frase foi proferida pela minha parceira já na terceira ou quarta música, início do show.

Sábado, dia 17 de Setembro. CIE Music Hall (Ex Direct Music Hall, Ex Palace). Nando Reis e os Infernais comemorando o sucesso da parceria com a MTV no CD-DVD Ao Vivo.

Eu, em minha humilde opinião, considero que Nando Reis foi uma das baixas do Titãs que mais deve ter afetado a banda.


Ótimo compositor, intérprete e músico. Perderam eles e ganhamos todos nós, que agora podemos desfrutar de todo o talento do cara, sem divisões de palco. Nos Titãs, Nando tocava baixo. Nos Infernais, ataca de violão. E ataca mesmo. A impressão que se tem é que depois de uns bons anos com o punho quebrado sobre o baixo, ficou toda uma vontade armazenada. As batidas que ele dá no violão com cordas de aço são cheias de vontade!

O show.
O set list deste show é praticamente idêntico ao DVD, com algumas incursões. Nada mais normal, já que o DVD é uma apresentação gravada ao vivo no famoso Bar Opinião, em Junho de 2004 em Porto Alegre.

Palco montado, sem banda de abertura, pequeno atraso. Entram os Hare-Krishnas, sentam-se e entoam um canto inicial. Aí surge ele, com uma bata branca, um colar. Toma seu lugar no centro do palco, senta naquela posição estilo índio. Violão em punho. A música é Mantra, uma melodia gostosa que fica na cabeça mesmo depois de dias. O dueto com os Hare Krishnas foi uma grande sacada.


No final da música, os Hare Krishnas se empolgam, levantam e começam aquela dança típica com pulos e palmas. Jogam colares para o público. Nando aproveita, levanta e sai para trocar o figurino.


Volta com o seu visual "safári", chapéu India Jones, Ray-Ban e jaqueta. "O Mundo é Bão Sebastião", música feita para o seu filho, ecoa nas caixas.


Nando conversa muito com a platéia. Muito mesmo! E vê-se, através da hesitação e tropeço com as palvras, que ele realmente está emocionado e até um pouco nervoso. Dá boa noite, diz que está muito contente de estar de volta a SP, de estar fazendo um show na frente de seus filhos, sua "amada", seus amigos. O cara está feliz!


Ele conta a historinha de que sua filha Zoé, do alto dos seus 4 ou 5 anos, o cobrou perguntando quando ele iria fazer uma música "O Mundo é Bão Zoézinha", já que o outro filho Sebastião já tem a sua. Para não causar intrigas familiares, o sábio Nando fez uma música para a pequena ruiva. Essa música é um pouco desconhecida da platéia, mas bem agitada. (N.R. - dessa vez eu não anotei as músicas, e nem peguei o set list. Fico devendo essas informações. Foi mal!)


Segue o list, "E.C.T.", "A Letra A", "O Segundo Sol", "Sangue Latino".


Após a execução da linda "Por Onde Andei", onde houve predominância de vozes femininas no coro da galera, Nando comenta que essa coisa da arte é realmente instigante. Ele diz que essa música foi feita após um momento ruim que ele havia passado com sua esposa, um assalto. Um trecho da música diz:


"...amor, eu sinto a sua falta
e a falta é morte da esperança
como o dia em que roubaram o teu carro
deixou uma lembrança..."


Ele conta que ver a reação da platéia, cantando essa música com ele do começo ao fim, faz com que ele definitivamente esqueça o mal acontecido e passe a ver essa música com outros olhos, com outra idéia, muito melhor do que a lembrança que ela trazia antigamente.


Diz também que fala muito, e que havia repetido a mesma coisa no show da noite anterior, mas que não pode deixar de dizer o quão bom é tocar em casa. Pelo público, pela família, pelo lugar e até pelo fato de terminar o show e poder ir para a sua casa, sentir o aconchego, ver os seus móveis.


Na hora de "Resposta", Nando Reis chama um convidado. Como faria um show beneficiente em SP no dia seguinte, Samuel Rosa está na cidade e sobe ao palco para cantar. Aqui um detalhe: No DVD Ira MTV Acústico onde Samuel faz participação na música "Tarde Vazia", ele comenta que pediu a Nasi e companhia que deixassem que ele tocasse violão, mesmo que fosse limado da gravação final, pois sem ter nenhum instrumento na mão, não sabe o que fazer. E para quem o viu no show do Nando Reis, isso ficou explícito. Samuel literamente fica perdido em palco quando tem somente um microfone a sua frente.

Lá pelas tantas, ele apela e começa a tocar "Air Guitar". Nando Reis parece entender e para a segunda música do dueto, "É uma Partida de Futebol" - a primeira parceria entre os dois - deixa que Samuel ataque com seu violão. E aí o cara é realmente outro. Agita a galera, grita, instiga, contagia. Mesmo a música não tendo sido ensaiada foi um dos momentos mais legais do show. No final, Nando Reis agradece à boa vontade da platéia. Diz que o show é feito por "Nós" e não por "Mim". Que sem a platéia, nada daquilo seria verdade. E que os pequenos erros (que aconteceram durante "É uma Partida de Futebol") são normais e dão até um certo tempero ao espetáculo, afinal se quer tudo certinho... que escute o disco. Ele volta ao microfone e diz que isso não quer dizer que ele não procure fazer uma boa apresentação, mas que "Erros são ducaralho e vamos lá!!!!". A platéia vibra!

Por sinal, um parágrafo sobre o público. A casa estava lotadíssima, sem espaço para mais nada. Conseguimos ficar em um local próximo à grade que separa a mesa de áudio do resto da platéia. De lá pudemos ver o show com um certo conforto, sem empurra-empurra e com uma boa visão (até porque, minha parceira é relativamente pequena e precisava de um lugar estratégico!). Normalmente os shows nessa casa atraem um público mais tranquilo, que realmente é fã do artista em questão. E com Nando Reis não foi diferente. A platéia cantou muito, ovacionou muito a banda e se divertiu de verdade. Um espetáculo realmente bonito! Houveram saudações ao futebol - Cruzeiro, o time de Samuel Rosa, um apaixonado confesso por futebol e ao São Paulo, time do Nando - com direito a bandeira tricolor na platéia. Nando ainda falou que todos os torcedores são bem-vindos, mas "Eu sou São Paulino!!"


Músicas "No Recreio", "Relicário", "Me Diga"


Antes de "Não Vou Me Adaptar", ele fala que essa música foi apresentada a ele e aos Titãs há mais ou menos 25 anos por Arnaldo Antunes. E diz que essa é uma daquelas que ele sente orgulho de ter participado da gravação. Que quando ouviu, pensou consigo mesmo: "-Pô... esse é o tipo de música que eu queria escrever!". Essa música tinha sido retirada do repertório dos shows dos Titãs, voltou com a gravação do álbum "Acústico - Volume II" e acabou ficando com Nando Reis. Ele tem razão... a letra é demais!


"Onde Você Mora", gravada por Cidade Negra e cantada do começo ao fim pela platéia. Nando contou uma história imensa antes desta música. Disse que ela nasceu de diversos pensamentos que ele tinha lá em 1979, quando acordava de manhã, era o primeiro a pegar o "CMTC" para a Avenida Paulista. Comentou que gostava de dividir o "silêncio da manhã" com o motorista e o cobrador. Dedica a música a eles, mesmo sem ter a mínima idéia de onde eles estão naquele momento...


Em Marvin, destaque para a performance do tecladista, Alex Veley. Nos solos finais ele tirou o teclado da mesa, empunhando-o como se fosse uma guitarra e fez de tudo! Dançou, colocou e tocou atrás da cabeça como Jimi Hendrix, fez aquele passinho característico de Chucky Berry, e pasmem, fez um slide no teclado com a língua! A galera foi ao delírio!


A banda é muito boa. Felipe Cambraia é um cara tímido com seu baixo, mas cumpre o papel muito bem. Carlos Pontual às vezes parece ter problemas com sua guitarra - como veremos mais adiante - mas quando embala vai longe. O baterista da gravação original foi João Viana, filho de Djavan, mas nesse show me pareceu que o substituto era Diogo Gameiro, que literalmente destruiu a bateria. Banda completa com Nando Reis no violão de 6/12 cordas.


Mais músicas, e o "Os Cegos do Castelo" fecha a primeira parte do show. Nando Reis agradece cantando:


" Aos que tocaram,
aos que se divertiram,
aos que trabalharam,
e os que não viram..."



Pro bis, ele volta e diz que irão tocar músicas das quais ele gosta. Músicas que tocaria em uma rádio se fosse um Disc Jóquei (que termo antigo, Nando!). Músicas que ele costuma colocar no rádio do carro para dançar, batucar, cantar e fazer performances dirigindo. Fala que acha ducaralho quando está parado em um farol e o motorista do lado está viajando com o som. Comenta que algumas pessoas se assustam com as músicas, pois imaginam que o gosto dele é bem diferente, devido às músicas que faz. Mas deixa claro que o gosto dele é bem eclético.


A já esperada introdução de "Fogo e Paixão" gravada por Wando (o obsceno) mixada a "My Pledge Of Love" é iniciada. E aqui todos, sem exceção, cantam aqueles versos:


"Você é luz... é raio, estrela e luar..."


A próxima é "Whisky a go-go" do Roupa Nova. Nessa música, o guitarra Carlos Pontual some do palco, aparentemente com problemas em sua guitarra. Nando Reis fica visivelmente preocupado, pois não para de olhar para o canto do guitarrista, apesar de segurar a bronca com seu violão. Felizmente, Carlos volta à tempo para o solo final da música.


E então, o sucesso na voz de Rogério Flausino do Jota Quest - "Do Seu Lado". Catarse total no público. Ninguém mais se segura e todos pulam, cantam e dançam. Essa música tem um certo poder sobre as pessoas. Parece que na hora do refrão, o que interessa é fechar os olhos, cantar alto, bater palmas e exorcizar os bichos. Nem os Hare Krishnas se aguentam e entram no palco pulando e dançando.


Fim do show. A felicidade nos olhos de Nando Reis é explícita. A banda toda está em êxtase. Ele diz que a noite foi maravilhosa, agradece por aquilo que nós proporcionamos a ele, a alegria e a felicidade. Nós somos o show. O cara mandou muito bem!

Sim... Nando Reis é um cara carismático. Minha parceira tinha razão!


Os Infernais são:

Guitarra - Carlos Pontual
Baixo - Felipe Cambraia
Bateria - Diogo Gameiro
Teclado - Alex Veley
Violão/Voz - Nando Reis


MM tem 28 anos, pede desculpas por algum engano, pois considera que sempre pode estar enganado, mas é maluco por música e acha que "Marvin" é uma das 20 melhores letras de todos os tempos.

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