O Rappa demora pra subir no palco... mas detona tudo em São Vicente
Centro de Convenções de São Vicente - 08/10/2005
(por MM em 21/10/2005)
originalmente postado em http://ricardobunnyman.sites.uol.com.br/
“-O Rappa!! O Rappa!! O Rappa!!”. – grita a galera em coro.
Sábado, 8 de Outubro de 2005, Centro de Convenções de São Vicente.
Acredito que a banda está no seu melhor momento, apesar de muitos (inclusive este que vos escreve) acharem que, uma banda que deixa de ter Marcelo Yuka como principal letrista e idealizador, tem que ralar bastante para se manter.
Isso o Rappa está fazendo. Quem vê a agenda dos caras, seja no site ou em fã-clubes, percebe que shows são quase diários. E a banda procura se renovar. Acabou de gravar um Acústico Mtv, formato sempre criticado por ser uma maneira de levantar bandas que caíram no ostracismo. Falcão já percebeu as críticas e lá em São Vicente, falou bastante sobre o assunto. Disse que o Rappa fez um disco “muito foda”, que se dedicaram muito para que o resultado fosse algo que agradasse a quem é fã, e prometeu, na frente de umas três mil pessoas que o Rappa nunca, nunca fará um disco igual ao outro. Valente!
Vi minha primeira apresentação do Rappa há um bom tempo. Quando os hoje enormes dreads de Falcão não passavam de um “cabelo de negão despenteado”. Não me lembro onde, nem quando, provavelmente foi em um destes festivais que costumávamos ter. E duas coisas não mudaram, a maneira insana e nervosa como Falcão solta seus petardos e o atraso na hora de começar o show. – já é meio conhecida a história de que o Rappa costuma esperar a lotação do local da apresentação para subir ao palco. E nessas o show, que era pra começar as 22 horas, começou mais de uma da manhã.
Depois de um bom tempo escutando Black Music que saia repetitivamente das caixas de som, apagam-se as luzez e o DJ Negralha liga seus toca-discos, iniciando a galera no coro:
“O Rappa!! O Rappa!! O Rappa!!”.
Os quatro telões, que durante todo o tempo ficam projetando imagens de comunidades do Rio e motivos engajados, alternam entre o nome da banda e o nome do disco atual, que é a base do show ´O Silêncio que Precede o Esporro’.
Inicio com O Salto II, e logo O Salto. Puta porrada, fazendo todo mundo pular e cantar junto. O que eu mais gosto dessa música são os teclados do Marcos Lobato, dá uma cara legal, principalmente no refrão “E regar as flores no deserto...”
Falcão foi o último a entrar na banda, mas não dá para negar que ele faz o papel de frontman muito bem e se sente à vontade na função. A banda é formado por Xandão (guitarra), Lauro Farias (baixo) e Marcelo Lobato (bateria, que tocava teclado antes da saída de Marcelo
Yuka) e tem a participação do DJ Negralha (pick-up e carrapetas), Cléber (percussão) e Marcos Lobato (teclados), todos fazem o seu muito bem, mas parecem que já estão ensaiados para os shows acústicos que virão. Ficam meio imóveis, o que faz com que Falcão se destaque ainda mais, já que ele não pára de pular, balançar as dreads e agitar a galera. Vale comentar que Falcão nunca se refere a ele apenas, e sempre a “O Rappa”. Prova disso, é a participação dele no Disco/DVD Acústico Bandas Gaúchas, onde ele canta a música “Dívida” com a banda Ultramen. Ele tá sempre lá, dizendo “O Rappa agradece”, “O Rappa e Ultramen”... É isso aí brother, Humildade Sempre!
Vamos pra música! Além do disco novo, rolam sons de Instinto Coletivo, Lado B Lado A e Rappa Mundi.
“Me Deixa”, “Lado B/Lado A”, “Papo de Surdo e Mudo”, “Rodo Cotidiano” – com o coro final de “Oh Oh Oh Oh, My brother”, “Ninguém Regula a América”.
Nessa última, o telão que tem papel importante no geral do show, faz participação mais que especial. As reações que ele provoca ao mostrar uma foto de George Bush, e depois simulando um spray vermelho fazendo um X sobre ela, é duca. A galera grita, manda tomar no cú, mostra o dedo, manda se foder...neguinho fica nervoso mesmo! Originalmente gravada em parceria com o Sepultura, tendo o monstro Derick de backing vocal, essa som tira qualquer um do chão, principalmente na parte final, onde fica mais acelerada . Haja fôlego!!
Rolou até um princípio de briga, causado por uma roda de pogo um pouquinho mais animada. Coisa completamente normal em um show desse estilo.
O local, um galpão bem grande, estava lotado, mas nada desesperador. Dava para assistir numa boa, sem maiores problemas. Claro que sempre rolam uns empurrões, uma “MaryJane” aqui e ali, mas é de se esperar, afinal, como um amigo meu costuma dizer: ‘-Quer conforto? Va ver ópera!’
Falcão lembra o momento político que o país está passando falando pra que nós guardemos bem a cara desses ‘filhos da puta da política’. Fala que a época do Collor foi fichinha perto do que está acontecendo agora:
“-Brother, agora são 5 bilhões!! 5 bilhões!! Não basta roubar pouco não, tem que levar é logo tudo! Puta que o pariu!!! Mas vamos de música, porque aqui é só música brother!”
“Homem Bomba”, “Linha Vermelha”, “Mar de Gente”, “Ilê Aye”, “Pescador de Ilusões”, “Hey Joe”, “Vapor Barato”
Antes de “Minha Alma”, Falcão diz: “Essa música é muito mais de vocês do que da gente”.
Esse foi provavelmente o último show “elétrico” do Rappa. No mês de novembro começa a turnê do disco acústico, provavelmente no Olympia em SP. Falcão mais uma vez fala que o disco ficou foda! Que a galera aguarde.
“Reza Vela” - Fim do show, sem bis (afinal, são mais de 4 da manhã!), serviço bem feito. A banda se despede, a galera aplaude. O show foi muito bom, valeu a pena esperar!
Mais uma vez, Falcão:
“Humildade brother... sempre!”
MM tem 28 anos, não é crítico, jornalista e nem tem tais pretensões, apenas é louco por música e não perde a oportunidade de ver um showzinho.
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